O corpo belo: novas alquimias midiáticas, tecnológicas e econômicas

Autores/as

  • Verônica Pacheco de Oliveira Azeredo Universidade Federal de Ouro Preto-MG Centro Universitário do Leste de Minas Gerais-UnilesteMG

DOI:

https://doi.org/10.62876/lr.v0i28.3319

Palabras clave:

Mídia, tecnologia, corpo, pensamento nietzschiano

Resumen

O objetivo deste artigo é tentar discutir do corpo na contemporaneidade e sua modificabilidade decorrentes das intervenções midiáticas, tecnológicas e econômicas. Ao mesmo tempo procura analisar o corpo  e o sentido de realidade pelo viés nietzschiano e como  a supervalorização do corpo, a aparência e os prazeres imediatos em detrimento dos valores éticos, estéticos e das atividades intelectuais parecem ter desencadeado a desvalorização e a banalização corporal.

 

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Citas

Denise Bernuzzi Sant’Anna (Org.): Políticas do Corpo. São Paulo, Estação Liberdade, 2005.

Cleide Riva Campelo: Cal(e)indoscorpos: um estudo semiótico do corpo e seus códigos, São Paulo, 1997.

Descartes cria o dualismo entre mente e corpo entendidos por ele como substâncias. Por mente podemos entender pensamento, espírito, alma, chamado pelo filósofo de res cogitans, que formaria um mundo distinto do da res extensa que seria o corpo. O homem assume o lugar privilegiado, a verdade está em seu “interior”, ele é a substância pensante. No Discurso do Método o filósofo chega ao entendimento da dúvida metódica e conclui que pode duvidar de tudo, menos de que duvida. Logo, toda dúvida é uma espécie de pensamento e, para poder pensar, é preciso existir. Decorre daí sua famosa proposição: Penso, logo existo (‘Cogito ergo sum’). O filósofo identifica então, o eu à alma que é a causa do pensar. Desta forma, a alma seria uma substância totalmente distinta do corpo.

DOEL, 2001, p. 77-110.

Em Descartes o homem passa a assumir um lugar privilegiado, pois a verdade estaria em seu “interior”, ele seria a substância pensante, logo, seria o agente que anuncia uma verdade universal.

Ferro, Mário e Tavares, Manuel, Op. Cit., p. 21.

Nietzsche. AFZ.. Dos que desprezam o corpo, Rio de Janeiro, Tecnoprint, SD, p. 48.

Nietzsche na Vontade de Poder, §28, considerava que a tentativa do homem de fugir do niilismo, sem realizar uma transvaloração de todos os valores poderia desencadear outros problemas mais difíceis de serem solucionados. Portanto, a desvalorização generalizada do corpo e dos valores terrenos como ao contrário, a supervalorização reativa do prazer imediato sobre qualquer forma de esforço, são ambos semelhantes e indicadores do niilismo europeu.

Lúcia Santarela: Corpo e Comunicação: sintoma de cultura, São Paulo, 2004.

Maurice Merleau-Ponty: Fenomenologia da Percepção, 1971, p. 95.

Nietzsche no fundo quer dizer o seguinte: se você observa a fisiologia e a zoologia verá que o problema da consciência é, na verdade, um problema simplesmente superficial. Ou seja, que aquilo que define o essencial do sujeito não é, como pretendia a tradição filosófica, a sua capacidade de tomar-consciência-de-si, mas a consciência precisamente é um fenômeno secundário.

No livro Cal(e)idoscorpos, Campelo por meio de suas pesquisas demonstra os corpos “produzidos” pela televisão. A autora relata as diferenças encontradas pelos apresentadores e o público a ser atingido. Assim desde a postura corporal até as roupas são a priori estudadas para serem apresentados ao público. “O corpo da publicidade na TV e o corpo da telenovela são semelhantes nos diferentes canais e horários: é o corpo dos deuses do Olimpo. Deuses gregos mesmo: nada dos orixás do Candomblé (nenhuma sensual Iansã, nenhum Ogum viril, nenhuma Oxum-princesa, nada de teogonia tupi; quem reina quase absoluto é o ideário do Olimpo grego(...) As mulheres são quase que descorporificada de matéria-corpo: não é o músculo que importa, não é a força sensual, não é a ginga. A atração é o cabelo loiro, os olhos claros, a imaterialidade física que os contos de fadas europeus registram como sendo atributos de delicadeza, da bondade (...).” Cleide Riva Campelo: Cal(e)idoscorpos: um estudo semiótico do corpo e seus códigos, São Paulo, 1997, p. 83.

O niilismo (ou nihilismo), do latim nihil (nada), é uma corrente filosófica que, em princípio, concebe a existência humana como desprovida de qualquer sentido. Nietzsche com a morte de Deus, divulga a profunda crise da razão na modernidade e, com sua reflexão sobre o niilismo, denuncia o esgotamento, a perda de sentido e contingência por parte dos supremos valores que até agora determinaram o curso do processo civilizatório no Ocidente.

Op. Cit.

Segundo Merleau-Ponty, o homem é um ser no mundo e só pode ser compreendido dessa forma. O homem é ambiguidade onde estão presentes o mundo do corpo e o mundo do espírito, sendo ao mesmo tempo interioridade e exterioridade, sujeito e objeto, corpo e espírito, natureza e cultura. “(...) tenho consciência do meu corpo através do mundo (...) tenho consciência do mundo devido ao meu corpo (...).”

O compreensão do corpo no Ocidente passa pela conceituação cuja origem está no pensamento socrático-platônico, segundo o qual o corpo é considerado parte inferior do homem em relação à alma. Demonstrando que este menospreza o corpo e valoriza a alma. No diálogo “Fédon” é discutida a relação entre o corpo e alma. Para Sócrates13, o corpo é um meio que possibilita a alma se materializar, uma vez que esta depende daquele para se expressar. Após a morte o corpo fenece e a alma permanece, pois é imortal, é libertada e continua sua existência. O corpo, ao contrário, é totalmente dependente da alma, sua existência só é possível porque ela existe. Fédon foi escrito no século IV, e como ateniense, Platão encontrava-se decepcionado com sua cidade. Mário Ferro e Manuel Tavares: Análise das obras Górgias e Fédon de Platão, Lisboa, Perspectiva, 1999, p. 18.

Op. Cit.

Ibid., p. 118.

Ibidem., p. 18.

Ibidem.

Ibidem.

Publicado

2017-07-05

Cómo citar

Pacheco de Oliveira Azeredo, V. (2017). O corpo belo: novas alquimias midiáticas, tecnológicas e econômicas. Lógoi. Revista De Filosofía, (28), 101–117. https://doi.org/10.62876/lr.v0i28.3319